domingo, 23 de novembro de 2008

Des-construindo Felipinho

Como diria o imortal tricolor, "qualquer pelada é de uma complexidade shakespeariana"...

Pra começar, houve quorum, apesar de ter começado a chover já durante o samba de sábado para desespero das belas morenas presentes à Rua do Ouvidor. Pois bem, milagrosamente, apesar da água (inclusive aquela que passarinho não bebe), conseguimos juntar doze bravos boleiros que enfrentaram o frio, a chuva, a neve e a TPM das respectivas para comparecer à Fortaleza do Leme (forte é coisa delicada, nós jogamos na FORTALEZA).

Havia também um décimo-terceiro "homem", digamos assim, desconhecido de todos, mas lançando olhares bastante lânguidos na direção da nossa pelada, o que levou nosso luso-artilheiro a comentar: "não deixem este gajo entraire, não deixem!"

O domingo foi um dia marcado por uma ausência monumental e por uma presença inaugural. Refiro-me, no primeiro caso, ao forfait do nosso Braguinha, que demonstrando seu espírito solidário já se dirigiu ao Bar Urca desde a véspera para checar se a cerva estava gelada e a empadinha no ponto. Um sepulcral silêncio abateu-se sobre o campo de jogo e o time branco, acostumado às imprecações, esbregues e perdigotos lançados pelo Braga contra tudo e contra todos viu-se órfão, abandonado... o que decerto explica bizarros comportamentos que analisaremos mais à frente.

Por falar em menor abandonado, Heitor Alvito fez sua estréia com 14 anos, 5 meses e 1 dia. O garotão começou com o colete branco, jogando ao lado do pai, mas viu logo que era uma furada e seu empresário impetrou um Habeas Corpus e providenciou uma transferência relâmpago para os laranjinhas. Apesar da pressão inerente ao início de carreira e da carga genética desfavorável, teve uma atuação tranquila, sem maiores problemas.

O resultado, senhoras e senhores, 9x8 para a Laranjada, mas a história do jogo é melhor contada através dos dramas e tragédias individuais. Com vocês a avaliação rigorosa, analítica e trigonométrica das atuações:

LARANJA da China (ordem alfabética para não ferir susceptibilidades...):

Artilheiro duma FIIIIGA
: outra atuação fa-bu-lo-sa (estou almoçando de graça no restaurante dele), fez três golos, querem mais? Domingo que vem tem mais!

Digão: que categoria (estou comprando livro com desconto), compôs bem o toque de bola laranjal

Flecha-que-deu-o-ar-da-sua-graça: escapou com vida e pequenas escoriações, deve ter fechado o corpo com a benzedeira do Romário

Heitor
: segundo o Lito, ainda tem que comer muito feijão com arroz...

Marcelo: precisa comer um pouquinho mais de castanha do pará, mas só se for fresquinha. Brincadeira: foi bom tê-lo de volta, valeu a bronca que lhe dei no samba do sábado cobrando a sua presença.

Ratinho: um eterno roedor de defesas (essa foi terrível), imarcável, perpetrou o gol da vitória dos laranjas aos 49 do segundo tempo...

Vítor-Madre Tereza: a grande esperança branca não decepcionou desta vez: reinou no meio-de-campo, fazendo o um-dois básico que os branquinhos ainda não aprenderam a marcar. Apesar de craque, humilde e caridoso, soltando uma bola pro Alvito marcar seu golzinho


BRANCO:

Al-vito: feliz feito pinto no lixo vendo o pimpolho estrear no relvado da Fortaleza. Atuação? Deprimente, lamentável, não merece comentários

Cabañas: Prejudicado pelo mau posicionamento tático da equipe, teve poucas oportunidades de gol, mas deu trabalho à defesa adversária

Cristiano: pelo menos alguém jogou bola no time branco, o que infelizmente impossibilita os derrotados (2a. semana seguida) de apelarem para uma teoria nativa acerca da urucubaca da cor branca, que todos sabem representar luto entre os africanos (por isso que o time já entra em campo mortinho)

Lito-Cruyff-Abominável Homem das Neves: Inventou a máquina do tempo. Foi do futebol futurista ao Paleolítico Inferior em três passadas. Ou então leu muito Foucault, Deleuze e Derrida e resolveu desconstruir o Felipinho. Nossa comissão disciplinar já está de olho nele e tomará as medidas cabíveis

Lucas: Jogou muito, não merecia perder. Tava com a macaca. Fez um gol em salto de kung fu e sem machucar ninguém, atingindo só a bola, ao contrário do cidadão analisado acima.

Mauro Galvão: Bem, bem, mas parecia um pouco abalado com a perspectiva da operação, uma tal de lipidi%#@*. O pior é que é a laser: se o cirurgião aponta a pistola pro lugar errado nós perderemos um voluntarioso zagueiro e ganharemos um entusiasmado massagista

Vinícius: apesar do nome, não teve uma atuação propriamente poética, mas também não comprometeu, nem prometeu, nem é candidato a vereador

Por hoje é só, mas domingo tem mais.

P.S: Alô, Cesinha, você foi visto todo pimpão ao lado de uma morena bebendo todas no samba de sábado. Depois não vem com essa que está operado (viu, Luciano, o golpe começa a ficar manjado), convalescente, com fimose etc. Você faz falta à nossa pelada, sem falar no gelobol...

4 comentários:

Fraga disse...

Rapaziada,

Segunda-feira passada, pós-dilúvio, encontrei o Cesinha, quando soube que aquela era a sua data natalícia [17.11].

Fica aqui mais um fraterno abraço, torcendo para sua pronta recuperação e retorno às quatro malfadadas linhas.

Fraga

p.s. à direção do FSGC, sugiro anotar as datas de aniversário da rapaziada [a minha é 12.1]

Rodrigo Ferrari disse...

Salve nosso escriba.
Apenas duas correções: ontem éramos 14 em campo, fora o são-paulino de olhar lãnguido que assistiu ao jogo; e pô, conserta logo o nome da pelada no título!!!
Abraço,
Digão

Marcos Alvito disse...

Tem razão, Digão. Mas naquele momento éramos 12, depois é que chegaram mais dois. Quanto ao nome do blog acho que vai ficar assim, caso contrário teria que apagar este blog e começar tudo de novo, apagando também todos os comentários etc. Caso típico de emenda pior do que o soneto.

Heitor Alvito disse...

So quero falar que to papando meu arroz com feijao, para domingo (se jogar) arrebentar,

me aguardem...

abraco grande para todos !